Del giro lingüístico al giro narrativo: Rorty, la contingencia del lenguaje y la filosofía como narrativa

Resumen

El objetivo del presente artículo consiste en explicar y evaluar la tesis rortiana de la contingencia del lenguaje, examinando para ello la validez de la propuesta davidsoniana de las teorías momentáneas del significado sobre la que se apoya dicha tesis. La imposibilidad de que existan diversos léxicos irreductibles a uno sólo o imposibilidad de un metaléxico último (tesis de la contingencia), presupone la validez del enfoque davidsoniano de las teorías momentáneas, el cual intenta disolver la noción de
lenguaje como un objeto a priori de estudio definido sobre el cual quepa tener una teoría. Ahora bien, tal enfoque davidsoniano del lenguaje y la comunicación se enfrenta a una dificultad: la misma posibilidad de entender las desviaciones del lenguaje que plantean los malapropismos presupone el conocimiento de reglas semánticas estrictas. Tal presupuesto puede ser interpretado como la necesidad de reconocer que hay condiciones trascendentales de la comunicación, como sostiene Habermas, lo cual implicaría que el contextualismo rortiano implicado en la tesis de la contingencia y la misma tesis, deben ser falsos. Mostraré que Rorty puede contra-atacar el trascendentalismo de Habermas a partir de una crítica al modelo trascendental de argumentación, la cual intenta mostrar que carece de sentido hablar de condiciones trascendentales que podamos postular y conocer, las cuales supuestamente son el mecanismo para superar el contextualismo implicado en la tesis de la contingencia del lenguaje.

Palabras clave

Utopía liberal, solidaridad, tolerancia, giro narrativo, cultura literaria, teorías momentáneas del significado, contingencia del lenguaje, argumentos trascendentales.

From the linguistics turn to the narrative turn Rorty the contingency of language And the philosophy as a narrative

Abstract

The aim of this paper is to explain and evaluate Rorty’s thesis of the contingency of language, by examining the validity of the Davidsonian proposal of passing theories of meaning, upon which the thesis rests. The impossibility of the existence of different vocabularies irreducible to a single one, or the impossibility of a definitive meta-lexicon (contingency thesis), presupposes the validity of the Davidsonian approach of passing theories, which attempts to dissolve the notion of language as a defined a priori object of study that could stand a theory. Now such Davidsonian approach to language and communication faces a difficulty: the very possibility of understanding the language deviations posed by malapropisms presupposes knowledge of strict semantic rules. Such assumption can be interpreted as the need to recognize that there are transcendental conditions of communication, as Habermas argues, which implies that Rortian contextualism involved in the contingency thesis, and the thesis itself, must be false. I will show that Rorty can counter-attack Habermas’ transcendentalism by a critique of the transcendental model of argumentation, which attempts to show that it is meaningless to speak of transcendental conditions that we can apply and learn, which supposedly constitute the mechanism to overcome the contextualism involved in the thesis of the contingency of language.

Key words

Liberal utopia, solidarity, tolerance, narrative turn, literary culture, momentary theories of signification, contingency of language, transcendental arguments.

Do giro linguístico ao giro narrativo: Rorty, a contingência da linguagem e a filosofia como narrativa

Resumo

O objetivo do presente artigo consiste em explicar e avaliar a tese rortiana da contingência da linguagem, examinando para isto a validade da proposta davidsoniana das teorias momentâneas do significado sobre a qual se apoia a dita tese. A impossibilidade de que existam diversos léxicos
irredutíveis a um só ou impossibilidade de um metaléxico último (tese da contingência), pressupõe a validade do enfoque davidsoniano das teorias momentâneas, o qual tenta dissolver a noção da linguagem como um objeto de estudo definido a priori sobre o qual caiba ter uma teoria. No
entanto, tal enfoque davidsoniano da linguagem e da comunicação enfrenta uma dificuldade: a mesma possibilidade de entender os desvios da linguagem que propõem os malapropismos pressupõe o conhecimento das regras semânticas estritas. Tal pressuposto pode ser interpretado como a necessidade de reconhecer que existem condições transcendentais da comunicação, como defende Habermas, o qual implicaria que o contextualismo rortiano implicado na tese da contingência, e a tese mesma, devem ser falsos. Mostrarei que Rorty pode rebater o transcendentalismo de Habermas partindo de uma crítica ao modelo transcendental de argumentação, a qual tenta mostrar que carece de sentido falar de condições transcendentais que possamos postular e conhecer, as quais supostamente são o mecanismo para superar o contextualismo implicado na tese da contingência da linguagem.

Palavras chave

Utopia liberal, solidariedade, tolerância, giro narrativo, cultura literária, teorias momentâneas do significado, contingência da linguagem, argumentos transcendentais.